O que foi a Contra Reforma
A
Contra-Reforma
Logo após
haver-se iniciado o movimento da Reforma, um poderoso esforço foi também
iniciado pela igreja católica romana no sentido de recuperar o terreno perdido,
para destruir a fé protestante e para enviar missões a países estrangeiros.
Esse movimento foi chamado Contra-Reforma.
Tentou-se
fazer a reforma dentro da própria igreja por via do Concílio de Trento,
convocado no ano de 1545 pelo papa Paulo III, principalmente com o objetivo de
investigar os motivos e pôr fim aos abusos que deram causa à Reforma. O
Concílio era composto de todos os bispos e abades da igreja, e durou quase
vinte anos, durante os governos de quatro papas, de 1545 a 1563. Todos
esperavam que a separação entre católicos e protestantes teria fim, e que a
igreja ficaria outra vez unida. Contudo, tal coisa não sucedeu. Fizeram-se,
porém, muitas reformas na igreja católica e as doutrinas foram definitivamente
estabelecidas. Os próprios protestantes admitem que depois do Concílio de
Trento os papas se conduziram com mais acerto do que os que governaram antes do
Concílio. O resultado dessa reunião pode ser considerado como uma reforma
conservadora dentro da igreja católica romana.
De ainda
maior influência na Contra-Reforma foi a Ordem dos Jesuítas, fundada em 1534
pelo espanhol Inácio de Loyola. Era uma ordem monástica caracterizada pela
combinação da mais severa disciplina, intensa lealdade à igreja e à Ordem,
profunda devoção religiosa, e um marcado esforço para arrebanhar prosélitos.
Seu principal objetivo era combater o movimento protestante, tanto com métodos
conhecidos como com formas secretas. Tornou-se tão poderosa a Ordem dos
Jesuítas, que teve contra ela a oposição mais severa, até mesmo nos países
católicos; foi suprimida em quase todos os países da Europa, e por decreto do
papa Clemente XIV, no ano de 1773, a Ordem dos Jesuítas foi proibida de
funcionar dentro da igreja. Apesar desse fato, ela continuou a funcionar,
secretamente durante algum tempo, mais tarde abertamente, e foi reconhecida
pelo papa em 1814. Hoje é uma das forças mais ativas para divulgar e fortalecer
a igreja católica romana em todo o mundo.
A perseguição
ativa foi outra arma poderosa usada para impedir o crescente espírito da
Reforma. É Certo que os protestantes também perseguiram, e até mataram, porém
geralmente isso aconteceu por sentimentos políticos e não religiosos.
Entretanto, no continente europeu, todos os governos católicos preocupavam-se
em extirpar a fé protestante, usando para isso a espada. Na Espanha
estabelceu-se a Inquisição, por meio da qual inumerável multidão sofreu
torturas e muitas pessoas foram queimadas vivas. Nos Países-Baixos o governo
espanhol determinou matar todos aqueles que fossem suspeitos de heresias. Na
França o espírito de perseguição alcançou o clímax, na matança da noite de São Bartolomeu,
24 de agosto de 1572, e que se prolongou por várias semanas. Segundo o cálculo
de alguns historiadores, morreram de vinte a setenta mil pessoas. Essas
perseguições nos países em que o governo não era protestante não só retardavam
a marcha da Reforma, mas, em alguns países, principalmente na Boêmia e na
Espanha, a extinguiram.
Os esforços
missionários da igreja católica romana devem ser recõnhecidos, também, como uma
das forças da Contra-Reforma. Esses esforços eram dirigidos em sua maioria
pelos jesuítas, e tiveram como resultado a conversão das raças nativas da
América do Sul, do México e de grande parte do Canadá. Na India e países
circunvizinhos estabeleceram-se missões por intermédio de Francisco Xavier, um
dos fundadores da sociedade dos jesuítas. As missões católicas, nos países
pagãos, iniciaram-se séculos antes das missões protestantes e conquistaram
grande número de membros e bem assim poder para a respectiva igreja.
Como
resultado inevitável de interesses e propósitos contrários dos estados da
Reforma e católicos na Alemanha, iniciou-se então uma guerra no ano de 1618,
isto é, um século depois da Reforma. Essa guerra envolveu quase todas as nações
européias. Na história ela é conhecida como a Guerra dos Trinta Anos. As
rivalidades políticas e religiosas estavam ligadas a essa guerra. Ás vezes
estados que professavam a mesma fé, apoiavam partidos contrários. A luta
estendeu-se durante quase. uma geração, e toda a Alemanha sofreu ou seus
efeitos terríveis.
Finalmente,
em 1648, a guerra terminou, com a assinatura do tratado de paz de Westfália,
que fixou os limites dos estados católicos e protestantes, que duram até hoje.
O periodo da Reforma pode ser considerado terminado nesse ponto.
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